domingo, 31 de maio de 2009

O PROFESSOR NA ÉPOCA DA INTERNETE
Na avalanche de artigos sobre o comportamento agressivo e violento nas escolas (bulying) li sobre um episódio que não definiria assim, mas, no máximo, de impertinência - e, todavia, se trata de uma impertinência significativa. Pois bem, dizia-se que um estudante, para provocar o professor, teria lhe perguntado: "Desculpe, mas na época da internet, o senhor para que serve?" O estudante estava dizendo uma meia-verdade, que, aliás, até os professores dizem há pelo menos 20 anos, isto é, que antigamente a escola tinha de transmitir formação mas sobretudo noções, da tabuada no ensino fundamental I à capital do Madagascar no fundamental II, até a Guerra dos Trinta Anos no ensino médio. Com o advento, nem vou dizer da internet, mas da televisão ou do rádio, e talvez como o do cinema, boa parte dessas noções eram absorvidas pelos estudantes ao longo da vida extra-escolar.
Meu pai, quando pequeno, não sabia que Hiroshima ficava no Japão, que existia Guadalcanal, e da índia sabia o que o escritor Salgari lhe contava. Eu, desde a época da guerra, aprendi essas coisas com o rádio e com os mapas nos jornais, ao passo que viram na televisão os fiordes noruegueses, como as abelhas polinizam as flores, como era um tiranossauro Rex; enfim um garoto de hoje sabe tudo sobre ozônio, sobre os coalas, sobre o lraque e o Afeganistão.
Talvez esse garoto não saiba dizer direito o que são células estaminais. mas ,já ouviu falar delas ao passo que nos meus tempos nem a professora de ciências naturais nos falava sobre isso. Mas então para que serve os professores?
Afirmei que o que o estudante falava era uma meia verdade porque o professor além de informar tem de formar.
O que faz de uma classe uma boa classe não é o fato de que ali se aprendam datas e dados, mas sim que ali se estabeleça um diálogo, um confronto de opiniões, uma discussão sobre o que se aprende na escola e sobre o que acontece fora dela. Claro, o que acontece no Iraque a televisão nos conta, mas porque motivo sempre acontece alguma coisa por lá, desde os tempos da civilização mesopotâmica, e não na Groelândia, só a escola pode nos dizer. Os meios de comunicação nos dizem inúmeras coisas e nos transmitem até valores, mas a escola deveria saber discutir a maneira como nos são transmitidos e avaliar o tom e a força das argumentações desenvolvidas no papel impresso e na televisão. E depois há a verificação das informações transmitidas pela mídia: por exemplo, que, a não ser aquele professor, pode corrigir as pronúncias erradas daquele inglês acredita aprender na televisão?Mas o estudante não estava dizendo ao professor que não precisava dele porque agora são o rádio e televisão a lhe dizer onde fica Timbuctu ou que se discutiu sobre a fusão a frio, ou seja, não estava lhe dizendo que seu papel tinha sido assumido por discursos que circulam de maneira casual e desordenada, dia após dia, pelos diversos meios - e que sabermos muito sobre o Iraque e pouco sobre a Síria depende da boa ou má vontade de Bush. O estudante estava dizendo que hoje existe a internet, a Grande Mãe de todas as Enciclopédias, onde se encontram a Síria, a fusão a frio e a discussão infinita sobre o mais alto dos números ímpares. Estava lhe dizendo que as informações que a internet coloca à sua disposição são mais amplas e não raro

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